Uma mulher de 52 anos vem à consulta desconsolada: a cada
tentativa de abraçar seu netinho, ele a afasta. Há duas semanas, ouviu: “Não
quero abraço, vovó! Tá cheirando cigarro”. Essa foi a gota d’água. Um tanto
constrangida, diz que gostaria de parar de fumar, mas não acredita que o
consiga, por mais que adore seu neto: “Já tentei parar umas quatro ou cinco
vezes. Consegui por pouco tempo e voltei a fumar. Sem o cigarro viro um bicho,
fico muito irritada”.
Talvez pudéssemos começar um
diálogo com essa senhora a respeito de suas recaídas. O que será que a ajudou, ainda que por um tempo
limitado, a deixar de fumar? E quais as circunstâncias que poderiam tê-la levado
de volta ao cigarro? Isso porque o exame cuidadoso
de uma recaída aumenta a chance de sucesso de
uma nova tentativa de parar de fumar. Vamos lembrar que:
- ¶ A maioria dos fumantes faz entre 5 e 7 tentativas de parar de fumar antes de consegui-lo!
- ¶ As tentativas geralmente não incluíram planejamento, com apoio de um profissional.
- ¶ Após o primeiro ano, é raro um ex-fumante sofrer recaídas.
Por isso, eu lhe proponho um EXERCÍCIO:
Se você é um fumante e estiver pensando em abandonar o cigarro, procure fazer o seguinte exercício. Escreva num papel, em duas
colunas, uma lista com as principais motivações (o que o ajudaria) e outra lista
com a barreiras para deixar de fumar. Mantenha esse
papel à vista, pense sobre o que ali você registrou.
“Não me
imagino sem o cigarro...”
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Além de nicotina, o cigarro contém
várias substâncias danosas à saúde. Para quem fuma, no entanto, ele traz
gratificações. Com o hábito, não se pode mais dizer que fumar continue a ser
sempre prazeroso. Isso porque as gratificações vão diminuindo ao longo do
tempo. O que resta é a dependência! Cigarros são acesos automaticamente, cada
vez mais, sem o mesmo prazer, às vezes com sofrimento e culpa. O fumar é
incorporado ao universo existencial da pessoa, que fica presa numa armadilha
química e comportamental. Ela não mais se imagina sem o cigarro.
Querer e não
querer...
Você pode estar dividido, questionando o seu desejo de parar de
fumar. Muitos fumantes sentem-se divididos quanto à decisão de parar de fumar. O
pensamento de adiar essa decisão pode ser atraente neste momento.
Querer/não querer, querer/temer, acreditar/não acreditar... Em várias situações da vida há essa
ambivalência: o conflito entre duas polaridades que mina o esforço por uma
esperada decisão. É frequente ficar dividido entre parar continuar a fumar. Um
fato importante para você saber é que não é necessário livrar-se totalmente do
desejo de fumar antes de efetivamente parar. Em outras palavras, o desejo de
fumar só irá embora depois que você tiver parado de fumar!
A decisão é favorecida por situações singulares, como a que
ocorreu no caso da avó. Outras vezes, temos que iniciar um esforço, a
fim de fortalecer a motivação. Tudo começa por aí, pela motivação. Você tem um motivo especial para parar de
fumar? Então, não se separe mais dele!
Será que eu consigo...?
Pode-se repetir incessantemente uma
boa justificativa para continuar fumando. Por exemplo: “Meu avô morreu aos 93
anos, sempre fumou e tinha uma saúde de ferro!” Quais são suas “teorias
pessoais” em relação ao tabagismo? Elas lhe são úteis?
Mais do que
estar ciente da necessidade de parar, você precisa estar convencido de que é
capaz. As crenças e expectativas em relação ao tratamento e ao
seu desempenho pessoal influenciam os resultados. O exame dessas crenças
pessoais é um dos objetivos centrais de uma psicoterapia. Por exemplo, se você afirma
“Não vou conseguir viver sem o cigarro...”, provavelmente irão lhe perguntar: “Como
assim? De onde tira esse pensamento? Ele é tão forte a ponto de fazê-lo
desistir de uma tentativa?”
Uma boa dica
é repetir mentalmente, várias vezes ao
dia: “EU ESTOU PARANDO DE FUMAR”. Essa prática fortalecerá o seu propósito de
parar. Ademais, se você está lendo esse texto, é porque já está
se preparando para um dia deixar o cigarro, já entrou no processo!
Com quem posso contar?
Você pode tentar parar de fumar
sozinho, ou contar com a ajuda de um profissional. Ele vai lhe ensinar algumas
técnicas comportamentais e prescrever medicamentos para combater os sintomas de
abstinência.
Algumas pessoas devem ser avaliadas
por um profissional de saúde mental, pois alguns transtornos mentais, como
ansiedade e depressão, frequentemente se associa ao hábito de fumar.
Em outros dois folhetos, falamos
sobre as aumento da motivação para abandonar o
cigarro e damos algumas dicas ao parar de
fumar.
Temas relacionados ao Transtorno Afetivo Bipolar poderão ser lidos nos seguintes posts:
Sobre depressão, veja os posts:
Veja neste blog:
Temas relacionados ao Transtorno Afetivo Bipolar poderão ser lidos nos seguintes posts:
Sobre depressão, veja os posts:
Em outro conjunto de posts, há informações sobre como lidar com crises de pânico e insônia:
Três posts podem ser úteis para pessoas que tem o hábito de fumar:
TABAGISMO (1): NÃO CONSIGO PARAR DE FUMAR
TABAGISMO (2): HÁ REMÉDIO PARA PARAR DE FUMAR?
TABAGISMO (3): DICAS AO PARAR DE FUMAR
TABAGISMO (1): NÃO CONSIGO PARAR DE FUMAR
TABAGISMO (2): HÁ REMÉDIO PARA PARAR DE FUMAR?
TABAGISMO (3): DICAS AO PARAR DE FUMAR
Para saber mais sobre transtornos mentais e seus tratamentos, visite o blog: